sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

Família

A última noite foi mais um espetáculo de pancadaria em minha família. Meus pais começaram a brigar por um motivo aparentemente imbecil (é sempre assim que começa) e logo a luta começou. Minha mãe já está muito vermelha, roxa e verde por causa de outras surras que levou do meu pai das últimas vezes que ela bebeu, mas hoje ela não estava bêbada. Nem meu pai. Fui tentar separá-los, mas o otário do meu irmão veio pra cima de mim pra me bater também. Eu me defendi chutando o saco e o ânus dele. Uma baixaria horrorosa, mas ilustra com fidelidade o que tem sido toda a minha vida, a diferença é que quando eu era criança não tentava separá-los (meus pais) porque não tinha força pra isso. Depois que o meu pai se afastou da minha mãe, meu irmão e ela continuaram trocando acusações e palavrões horrorosos.

Se não fosse a faculdade eu já tinha me mandado daqui há muito tempo. Dentro de Goiânia não tenho pra onde ir. Já pensei em ir para a casa da minha única tia que mora aqui, mas não rolou. Tenho tias financeiramente mais estáveis em Corumbá de Goiás, DF e São Paulo. Pra sair daqui eu seria capaz de me mudar até pra casa da minha avó, em Goianésia. Depois que descobri que o meu primo mais velho de São Paulo trabalha com informática fiquei com mais vontade de ir pra lá.

A pergunta que meus irmãos e eu nos fazemos desde quando aprendemos a formular perguntas, ou seja, desde a primeira infância, é: "Por que eles vivem juntos se são tão infelizes assim e a cada dia se esforçam para se tornarem ainda mais infelizes?" É provável que na primeira infância a pergunta não tivesse tantas palavras, talvez fosse apenas: "Por que papai e mamãe brigam tanto?". "Por que papai chama mamãe de puta e mamãe chama papai de veado?". "Por que papai chega bêbado e bate na mamãe?". "Por que o papai bebe na rua e mamãe bebe em casa?". "Por que o papai dorme quando bebe e a mamãe chora quando está bêbada?". Talvez estas perguntas façam parte da rotina de muitas crianças que tiveram a honra de ter pais alcoólatras e, antes de mais nada sem dom para a família.

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