segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nunca é tarde para reposicionar sua imagem pessoal

Idosa e espelho
“Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo. Tudo muda o tempo todo no mundo. Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora!”
Lulu Santos e Nelson Motta

Estou com esse tema martelando o tempo todo na minha cabeça. Isso porque eu estou justamente em uma fase assim e quero partilhar com vocês um pouco do que tenho observado a respeito.

► O que é isso?

Minha formação e profissão me ajudam a ter plena consciência de que estou passando por esse “reposicionamento”, mas mesmo que nem sempre a gente perceba, acontece com todos nós algumas vezes ao longo da vida.

Reposicionar nossa imagem é simplesmente mudar a ideia que as pessoas têm de nós, geralmente porque essa imagem não corresponde mais à forma como nos vemos. Para conseguir isso precisamos primeiro nos libertar dos rótulos que as pessoas nos pregaram. Sei que parece filosófico demais, mas prometo que vou tentar ser clara.

► Os rótulos

Bebê e espelho

Desde o ventre materno nós somos, inevitavelmente, rotulados. É claro que essas classificações não aparecem do nada, elas são baseadas em tudo aquilo que apresentamos, desde nossas características físicas até nossas mais variadas reações às diversas situações da vida. É importante frisar que a vida social seria bastante complicada sem isso. Acho até que sequer sobreviveríamos sem esses rótulos. Quem já mudou o caminho para desviar de torcida de futebol organizada sabe do que estou falando.

O problema é que, quase sempre sem perceber, nos apegamos tanto ao rótulo que nos esquecemos de evoluir, de assumir nossas mudanças, de deixar as pessoas perceberem que não somos mais daquele jeito que elas conheciam antes. De repente nos damos conta de que estamos vivendo um personagem: apesar de bastante familiar para as pessoas com as quais convivemos, discrepa da forma como realmente nos sentimos.

É hora de mudar.

► O que vão pensar de mim?

Resposicionar a imagem pessoal é um processo delicado para todos nós porque em muitos casos altera totalmente nossa vida social. Porém, algumas pessoas sofrem mais quando precisam fazer isso. Para facilitar a compreensão, vamos aos rótulos, mas deixo claro que não quero rotular você. Smiley piscando É apenas uma divisão didática.

:: Os sugestionáveis

Para o sugestionável há duas grandes dificuldades: se desapegar das pechas e acreditar que pode decidir seu destino sozinho. Isso porque as pessoas vão facilmente conseguir convencê-lo de que está equivocado quando tentar tomar uma decisão diferente da esperada.

— Quero ver esse filme de ficção científica no cinema, parece ser bom. Vamos?
— Você não gosta desse tipo de filme.
— Mas esse parece ser legal, eu vi o trailer. Deu muita vontade de assistir.
— Da outra vez você disse o mesmo, mas dormiu durante metade da sessão.
— Vou sozinho então.
— Cuidado para não chorar quando notar que todas as outras pessoas estão acompanhadas.
— Tem razão. Eu não gosto muito. Não compensa gastar dinheiro com isso.
Menino galego indeciso

Se você é do tipo que pede opinião das pessoas para quase tudo e/ou que sempre deixa a vontade do outro prevalecer sobre a sua, cuidado! Você corre o grande risco de estar com sua vida atrofiada. Mesmo que as pessoas te amem e queiram sempre o melhor para você, elas não têm superpoderes para enxergar o potencial que você não demonstra. Elas querem “te proteger” das decepções porque só veem uma pessoa indecisa e insegura.

  • Será que você necessita ter outras pessoas te “lembrando” o tempo todo do que você gosta ou não gosta?
  • Será que você precisa que as pessoas digam o que você deve ou não deve fazer?
  • Será que você deseja mesmo saber a opinião alheia para resolver tudo na vida?
  • Será que não passou da hora de mudar essa imagem?

Quando percebe que chegou a hora de uma mudança significativa de sua imagem pessoal, o sugestionável precisa de uma dose extra de determinação para resistir às opiniões contrárias a sua decisão de mudar. Se não estiver bastante focado nisso nunca avançará.

:: Os histriônicos

Mesmo não sendo uma histriônica em tempo integral, eu faço parte desse grupo. Nós somos aquelas pessoas que se socializam encenando, exagerando, usando os termos mais engraçados ou mais chocantes em busca de nos mantermos no centro das atenções.

Máscaras de teatro

A maioria dos histriônicos sequer conhece essa palavra. Nós geralmente nos autodenominamos como autênticos, espontâneos, extrovertidos, expansivos, comunicativos… Mas a verdade é que somos atores e atrizes: todo lugar é palco e todo mundo é plateia. E, ao contrário do que parece, nós não nos expomos muito. Somos reservados e teatralizamos justamente para preservar ao máximo nossa intimidade.

Um histriônico só conseguirá perceber que está na hora de reposicionar a sua imagem em seus momentos de introspecção ou em conversas mais íntimas com pessoas para as quais não tenha o costume de encenar. Assim como um ator de teatro, o histriônico decora falas e trejeitos e os repete em cada apresentação. Dessa forma, em algum momento da vida aquilo que nós dizemos ou falamos em público não corresponde mais às nossas convicções reais, é apenas um personagem.

Por termos facilidade de comunicação e de persuasão, depois que percebemos e tomamos a decisão de reposicionar nossa imagem tudo flui com bastante facilidade. Rapidamente as pessoas notam que mudamos e somos tão convincentes que todos vão concordar que essa transformação era mesmo indispensável.

:: Os melindrosos

A pessoa melindrosa é aquela que facilmente se constrange, se embaraça ou se ofende. Para sofrer menos, ela evita ficar em apuros, preferindo sempre situações mais confortáveis e familiares, por isso não gosta de mudanças. Ao contrário do sugestionável, que está sempre buscando a opinião alheia e mudando de ideia quando é convencido, o melindroso evita o confronto.

Pessoa escondendo o rosto

Ele não costuma emitir opiniões, pedir conselhos ou expor suas preferências. Como não está emocionalmente preparado para ouvir críticas, o melindroso geralmente vai preferir o comportamento que mais agrada às outras pessoas, mesmo que não corresponda a seu verdadeiro desejo.

Para reposicionar sua imagem, o melindroso precisa primeiro entender que supervalorizar as críticas recebidas é uma das fórmulas da infelicidade. Em seguida deve retomar a consciência de quais são suas verdadeiras inclinações já que, ao longo do tempo, deve ter aberto mão de tanta coisa para não ser ofendido que nem se lembra mais quem realmente é. Vai ter que se esforçar um pouco nisso.

► Minhas inspirações

Nós mudamos o tempo todo, mas o reposicionamento de imagem pessoal é quando acumulamos um bom número de mudanças e queremos que as pessoas percebam tudo que foi alterado. É o momento em que, ao invés de mantermos as aparências, queremos trocá-las. Assim como nas empresas, esse reposicionamento de imagem pode levar meses ou anos.

Duas pessoas que estão passando por isso há alguns anos e têm me inspirado bastante são Sandy e Laerte. Por coincidência eles estavam no Altas Horas do último fim de semana. No programa, como não poderia deixar de ser, também falaram sobre essas mudanças.

Sandy e Laerte

Já prevendo as perguntas, eu não pretendo fazer um post só para falar sobre todas as minhas mudanças, mas algumas delas são tão radicais que talvez ganhem posts exclusivos.

Até mais!

Imagens: Blog do Ale, Recanto do Poeta,
Pedaço do Meu Mundo, Morra de Medo,
Cidade Velha 1462 e Portal Caras.

Link curto:
Pix meutedio arroba mail ponto com

5 comentários:

  1. Oi Helen

    Confesso que em vários momentos da minha vida me sinto assim com estas 3 características que você citou, acho que sou os três, não suporto que falem de mim, por isso fiquei um bom tempo trabalhando bastante pra causar uma boa impressão nas pessoas mesmo sabendo que em muitos casos não sou o tipo ideal delas.

    Desde criança sempre me esforcei pra ter o amor, a admiração e a atenção das pessoas, por isso que hoje carrego um pouco dessa mania de querer atender as expectativas, mas não faz muito tempo parei de querer alcançar a todos que eu queria perto de mim ou aqueles que eu queria que pensasse bem de mim quando percebi que tinha que respeitar as escolhas dos outros, quando notei que por mais que eu fizesse nunca era o bastante, porque aos olhos dos outros sempre somos imperfeitos e nunca conseguiremos ser plenamente como elas esperam.

    Hoje eu me dedico aos que gostam de mim sem muito esforço, gosto daqueles que querem me conhecer, me abro pra quem se abre, me esforço mais para aqueles que me cativam, sou mais amiga daqueles que querem a minha companhia, desde que revi estes conceitos uso uma frase como lema: "Deixe as pessoas livres, se voltarem é porque as conquistou, se não voltarem é porque nunca as teve" e assim vou deixando acontecer, vou deixando as pessoas me escolherem, vou me aproximando de quem me dá espaço, mas sem forçar a entrada, porque é muito melhor amar quando as pessoas permitem ser amadas, sem mendigâncias nem esmolas, sem exigências nem expectativas, no ar apenas o simples interesse de estar com quem gostamos e com a naturalidade de sermos o que gostamos de ser: Livres.

    @anakint

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  2. Helen, a Paz de Cristo! Sabemos que ninguém pode agradar a todos, principalmente ao mesmo tempo. Acredito que todos que chegaram a ler sua matéria e refletiram um pouco sob esta perspectiva, se acharão neste dilema. "Agradar" ou "não agradar". Nem Cristo conseguiu, imagina nós! É minha opinião, devemos amar verdadeiramente quem nós ama. E orar por aqueles que "não nos amam". Sermos seguros de nossos valores, e em que estes estão postos... Pode nos dar o combustível para viver melhor, em paz conosco e com o "mundo" em volta. Cada pessoa é um universo distinto. Chego a pensar que parece mais com a teoria do caos. Tem hora que não entendemos mesmo. É por isso que devemos agir com "Amor Verdadeiro", orando, agindo, vivendo em paz... Um grande Abraço. Gostei muito da matéria. Souza

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  3. Helen!

    Acredito que neste momento também estou passando por mudanças. É nas horas em que estamos sozinhas que vemos certas características que na rotina e na correria não vemos. Além disso, é assim que também vemos como as pessoas formaram uma imagem nossa, por nossa própria culpa na maior parte do tempo, e que isso nem sempre é benéfico. Não tem coisa que me irrita mais do que pessoas que me procuram não por me quererem bem, mas pela imagem de "sabe-tudo" que eu formei por querer sempre fazer o melhor e assim usar do conhecimento que tenho para si próprias. Como disse para uma amiga outro dia, "parei com essa brincadeira". Hora de valorizar o meu melhor e esquecer aqueles que me veem com rótulos e etiquetas.

    Ótimo texto, abraço!

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  4. Estava lendo e pensando, eu resolvi fazer isso na fase infância/adolescência sem saber que isso existia.

    Claramente consigo ver que levei uns 10 anos nesse processo já E não acabei.. Acho que estarei "pronta" lá pelos 25. Mas 2 coisas posso garantir: sou muito mais eu hoje do que ontem e todo esse tempo fazendo a mudança vale MUITO a pena.

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  5. É, a gente se reinventa em muitos momentos da vida pra poder continuar caminhando, e eu acho que não há nada de errado nisso, pelo contrário, é necessário. Só assim conhecemos nossos limites, aprendemos até onde podemos ir e onde não nos convém nem passar perto.

    É preciso ter muita confiança em si mesmo pra não se preocupar com os rótulos, mas isso a gente aprende com o tempo, e sempre vão haver momentos de insegurança. Ainda bem, porque assim nos convencemos que somos humanos, é permitido errar e começar de novo!!

    Adorei passar por aqui, agora vou embora, rs... Um beijo!!

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