terça-feira, 21 de outubro de 2014

Refine seu vocabulário eliminando eufemismos chulos

Aproveite bem esta dica porque desta vez você não precisa aprender palavra nova, apenas criar o hábito de usar as palavras corretas que você já conhece.

Não vou entrar no mérito sociológico-antropológico-cristão-hipócrita-pedagógico-machista-misógino-patriarcal-freudiano da questão, mas o fato é que os brasileiros em geral têm tendência a usar eufemismos para se referir ao ato sexual e às partes íntimas do corpo humano. Às vezes usam termos ambíguos que dificultam o entendimento, outras vezes usam termos grosseiros que causam constrangimento e deixam a conversa desagradável.

Para se referir ao órgão sexual masculino, use sempre a palavra PÊNIS. Esse é o único termo elegante e correto. Qualquer outra palavra que você tentar no lugar soará vulgar ou ambígua. Mas cuidado ao pronunciar, se não quiser parecer uma "pessoa das cavernas", nada de fazer careta ou dar uma entonação estranha. Pronuncie "pênis" como se estivesse dizendo "panela". Treine: panela, pênis, caixa, pênis, livro, pênis.

Para se referir à parte externa do órgão sexual feminino, use sempre a palavra VULVA. Também nesse caso, é o único termo elegante e correto e qualquer outra palavra ou expressão derrubará o nível da conversa.

Para se referir ao órgão sexual feminino, use sempre a palavra VAGINA e somente ela.

Quando quiser uma única palavra que possa se referir tanto ao órgão sexual masculino quanto ao feminino, use GENITÁLIA. Sim, eu também penso em "gentalha, gentalha", mas é esse o termo. A palavra SEXO também já foi muito usada nesse sentido, mas muita gente não está familiarizada com esse sentido da palavra, por isso sugiro evitar se quiser ser amplamente compreendido.

Para se referir à abertura externa do reto, use sempre a palavra ÂNUS.

Agora vamos treinar a entonação neutra com todas as palavras: panela, pênis, caixa, vulva, livro, vagina, banheira, ânus, panela, pênis, caixa, vulva, livro, vagina, banheira, ânus.

Para falar do ato sexual, geralmente preferimos expressões com duas palavras como relação sexual e fazer sexo (conjugada de acordo com a frase). A expressão conjunção carnal é correta, mas não é compreendida por todos. O mesmo acontece com as palavras coito, cópula e fornicação. A palavra penetração é correta, mas deve ser usada para se referir a esse movimento específico porque não abrange todas as fases do ato sexual.

A palavra sexo também pode ser usada, desde que o contexto da frase evite a confusão, já que ela tem vários significados. Um exemplo de quando esse sentido fica claro é quando especificamos o tipo de relação usando algum adjetivo: sexo vaginal, sexo anal, sexo oral.

Em uma situação que envolve algum romantismo (como entre namorados, noivos, esposos) e não exige precisão sobre o tipo de ato praticado, uma boa escolha é o verbo namorar.

Termos ambíguos devem ser evitados

Alguns termos alternativos parecem elegantes, mas causam ambiguidade e alguns segundos de confusão em quem ouve/lê, por isso é preciso ter certeza de que o contexto elimina qualquer dubiedade.

Em algumas situações, o contexto pode facilitar o entendimento. Se você ouve/lê a notícia de que um homem foi preso tentando entrar no presídio com um celular escondido nas partes íntimas, você entende que se trata do ânus, mesmo que essa palavra não esteja explícita.

Mas se foi uma mulher que entrou no presídio escondendo o celular nas partes íntimas, você poderá ficar em dúvida se foi na vagina ou no ânus. Você só tem certeza de que ela enfiou onde não deveria.

Na série Brothers & Sisters, o personagem Kevin Walker se reprime na hora de falar os nomes dos órgãos sexuais. Para se referir aos femininos, por exemplo, ele diz lady parts (partes femininas). O problema é que ele usa essa mesma expressão para a vulva, a vagina, o útero e os ovários, dificultando o entendimento e deixando todos irritados com sua falta de precisão. Em um dos episódios, o marido dele, Scotty Wandell, perde a paciência e avisa:

Se tivermos uma criança, você vai ter que aprender a falar pênis e vagina.

Tá certinho, Scotty!

Outra expressão comum em vários idiomas é "onde o sol não bate" para se referir ao ânus. O problema que vejo nessa expressão é ser poética demais, parece até que é uma parte do corpo humano que tem cheiro de flor de laranjeira, jasmim e almíscar (pirâmide olfativa inteira), então quando a gente lembra do que realmente se trata, bate uma quase decepção.

Termos chulos devem ser eliminados

Aqui estão alguns exemplos de palavras e expressões (Brasil) que você não deve usar se quiser falar de forma mais clara, precisa, correta, refinada, elegante, moderna e bem resolvida.

Diga "ânus" ao invés de:

cu, fiofó, forévis (foi mal, Mussum), rabo, rego

Diga "vagina" ao invés de:

buceta, perereca, perseguida, periquita, xoxota

Diga "vulva" ao invés de:

capô de fusca (contorno da vulva)

Diga "pênis" ao invés de:

bráulio, bigulim, bigulinho, bilau, caralho, passarinho, pau, piroca, rola, vara

Diga "ter relação sexual" ao invés de:

carimbar, cavalgar (foi mal, Roberto Carlos), comer, foder, nhanhá, tcha-tchaca-na-mutchaca

Eu sei que o post pode soar condescendente para alguns, mas ele está nos meus rascunhos há anos e foi só nesse tom que finalmente tive coragem de publicá-lo.

Até mais!

Imagem: Wikinut

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