terça-feira, 2 de dezembro de 2014

▶ Violência, desânimo, desmotivação, desvalorização, crise dos 30

Não tenho paciência para fazer amigos nem dinheiro para pagar psicólogo, então vou desabafar aqui mesmo.

Neste segundo semestre eu estava dedicada a dois eventos bem específicos: concurso do TCE-GO e Enem. Depois das provas me veio aquele desânimo típico de que quem precisa de um novo projeto. Na primeira semana achei normal, mas já faz quase um mês e ainda não consegui encontrar motivação em outra coisa.

A violência nesta cidade também está me desmotivando bastante. A onda de assassinatos já tinha me deixado bastante medrosa e por causa dela quase morri do coração em setembro, quando um motociclista bêbado tentou roubar minha bolsa no Alto da Glória. Na época o serial killer ainda estava solto. Depois da prisão do Tiago Henrique, fui recuperando aos poucos a coragem de andar em Goiânia aos fins de semana.

Mas em novembro presenciei um garoto de 15 anos sendo agredido e assaltado ao mesmo tempo em que um outro homem era despido e espancado, ambos os crimes cometidos em um ponto de ônibus por membros de torcida organizada. Isso foi no Jardim Goiás, depois da prova do segundo dia do Enem, quando estava voltando para casa.

Então tudo se somou: o desânimo do fim de um projeto com a desmotivação para fazer qualquer coisa nesta cidade violenta, neste país violento. Tenho falado para todo mundo que vou para Montreal estudar inglês, francês e me sustentar como artista de rua: vou tocar violão, cantar MPB e bossa-nova na calçada e aceitar o que os canadenses deixarem no meu chapéu. Não sou desafinada, minha voz é meiga e acho que ainda me lembro de alguns acordes de violão, o que mais me falta é coragem e desapego para sair da zona de conforto, que já não está mais tão confortável assim.

E abandonar o meu cargo público estável? A verdade é que não sei até onde vai essa estabilidade. Já não bastasse a desvalorização salarial (nosso vencimento não acompanha a inflação), o governador (aquele que até hoje nega ser sócio de Carlos Cachoeira) foi reeleito e anunciou uma reforma administrativa que, dentre muitas outras coisas, extingue a autarquia onde trabalho. O que será em 2015? Não sabemos. Só deduzimos que os servidores vão se lascar porque é isso que o atual governo sabe fazer bem: lascou os profissionais da saúde, lascou os policiais, lascou os professores, então para os profissionais de rádio e TV - que não prestam serviço público típico e sequer têm plano de carreira - não há esperança de bom tratamento.

Quando penso em tudo isso, acho que toparia até ir para Los Angeles virar atriz-pornô. Se eu ficar aqui vou ser fodida ganhando mal, lá pelo menos vão me pagar bem e depois de algumas semanas de trabalho consigo comprar uma casa. No meu primeiro filme vou aparecer perdendo a virgindade, tenho certeza de que vai ser um sucesso.

Tudo bem, não preciso ser tão radical, mesmo porque meus pais ainda são vivos e não quero matá-los de desgosto. Ainda posso ser babá em Dublin, atriz figurante (não pornô) em Los Angeles, garçonete em Nova Iorque, barista em Vancouver, blogueira em Lisboa. O importante é que possibilidades não faltam, só coragem. Como perguntou a blogueira Andreia Morais: partir ou ficar?

Mas outras vezes penso que indo embora estou apenas fazendo a vontade do inimigo, que desmotiva os servidores públicos como forma de forçá-los a pedir exoneração, como vários colegas já fizeram.

E também penso que estou deixando uma adversidade temporária (será?) me fazer desistir de um sonho e uma vocação: ser servidora pública.

A alternativa é passar em outro concurso público. Mas depois de oito anos estudando sem bons resultados, está difícil manter a motivação para continuar. São raras as vagas na minha área e tantos concorrentes que isso já está me parecendo muito sonhático. Quase acredito ser mais fácil virar astronauta do que conseguir um cargo público com uma remuneração que me permita, pelo menos, comprar uma casa, tirar CNH e ter condições de manter um carro abastecido para visitar minha avó (Goianésia) e meu pai (Brasília) com maior frequência.

E como tenho 29 anos, pode ser que eu já esteja passando pela crise dos 30. Não tenho problema com a idade propriamente dita, mas reconheço que meu humor, minhas emoções e até meus sentimentos são controlados pelos meus hormônios, então acho bastante possível meu tesão pela vida estar diminuindo por causa da queda deles.

A ideia, quando comecei a escrever, era fazer um post com metas e planos para 2015, mas em minha autoanálise notei que não tenho planos porque é difícil fazê-los sem saber ao menos em que país vou viver, qual profissão vou exercer, em qual idioma vou me comunicar.

E como sempre me ajuda ler desabafos desse tipo em outros blogs, achei válido compartilhar meu atual confuso estado psicológico.

Quando eu tiver uma noção mais clara do que quero para 2015, compartilho. Por enquanto tudo me parece muito indefinido, desorganizado, bagunçado, tal como puderam ler. O único projeto que já tenho em mente para o ano que vem é assistir as temporadas 2014/2 das minhas séries favoritas (Downton Abbey, Revenge, The Good Wife, American Horror Story, The Middle, Modern Family, Law & Order: SVU) tomando leite com achocolatado ou comendo pizza portuguesa. Pelo menos isso dá para planejar, independente do país.

Até mais!

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